sexta-feira, 23 de abril de 2010

Mais uma sessão (amor)...

23 de abril de 2010

Ontem fiz a terceira sessão de quimioterapia.
A sessão em si foi ainda mais tranqüila que a segunda.
Assisti televisão enquanto os medicamentos eram introduzidos pela veia da minha mão direita.
Eu já contei por que fazem o acesso na mão? Da primeira vez me explicaram que as veias vão ficando ruins para a quimioterapia, então começam pela mão para irem subindo conforme elas vão se perdendo...
Bom, então... assisti ao Chaves, aquele episódio em que tem um ladrão na Vila e acusam o Chaves, ele vai embora e depois de falar com um padre, que o aconselha a voltar com “a cabeça lá no alto” (he he, o Quico diz que ela só fica a 1 metro do chão), o Chaves volta para a Vila e diz que rezou não para que o ladrão fosse encontrado, mas “para que se arrependesse e se tornasse bom”. Adorava ver o Chaves quando tinha uns doze anos. Chegava do Sesi, almoçava e ia assistir ao Chaves. Todo dia. E depois Cinema em casa ou Sessão da tarde. Todo dia.
Até que eu mudei. Eu comecei a gostar de música. O meu primeiro ídolo (descartando os Menudos e os New Kids On The Block, ambos de uma fase obscura da infância) foi Raul Seixas. Ainda me lembro bem de um trabalho que uma professora de português na oitava série passou pra gente, tinha que representar com uma coreografia uma música popular brasileira. O grupo da Camila, uma loira muito popular da minha sala, escolheu “Eu nasci há dez mil anos atrás”. Eu amei a música. Aí meu grupo escolheu “Gita”, até hoje eu sei cantar essa música – e quase todas as outras do Raul. Ê tempo bom também, eu ficava todo o tempo livre ouvindo Raul. Por uns três anos, pelo menos – e eu tinha bastante tempo livre.
Depois veio o Queen, que foi o professor de vôlei que “apresentou” pra gente. E depois muitos outros...
Bom, voltando a sessão: então, foi tudo bem, mas estou mais nauseada desta vez. Desde ontem quando a sessão acabou. Estou tomando o Nausedron de 8 em 8 horas, realmente é bem melhor que o Vonau.
Meu amor esteve comigo o tempo todo.
Desta vez meu irmão não foi. É engraçado quando os dois vão comigo às consultas com o Dr Rodrigo, porque eles mal cabem na sala. O médico diz que eles são meus guarda-costas ou algo parecido. Eu digo "eles ficam me seguindo".
Quando estava acabando o último medicamento eu só consegui dizer “mais uma sessão, amor”. Não dá para descrever o que se sente quando acaba. Um misto de felicidade e insegurança, porque depois disso a gente não sabe o que vem pela frente.

2 comentários:

Nilson Dias disse...

Óculos escuros guardam meus olhos que os ladrões querem roubar, pensando
tolamente que olhando com meus olhos vão ver o mesmo que eu." [ Raul
Santos Seixas
] Eu não trago respostas. Canto minha saída, mostrando que, todos podem sair
pelas próprias portas." [ Raul Santos Seixas ]
Do materialismo ao espiritualismo é uma simples questão de esperar
esgotarem-se os limites do primeiro." [ Raul Santos Seixas ]
Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade."
[ Raul Santos Seixas ]
Não sou cantor nem compositor, uso as música para dizer o que penso." [
Raul Santos Seixas ]

Anônimo disse...

Acho que todos temos uma fase obscura na infãncia...

Ao invés de brincar de carrinho, ou de lutinha, preferia brincar de banco, pra ficar contando dinheiro, ou até mesmo aqueles de montar, pra ficar fazendo prédios... (acho que eu ia falar bonecas, né??)

Bjos