quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ainda internada

Puxa, aconteceu de eu pegar uma infecção no Hospital e ter que ficar mais alguns dias aqui. Quando eu ficar boa dessa infecção (da pneumonia já sarei), vou colocar o cateter e também retirar um nódulo da virilha pra fazer biopsia e depois retomar a quimioterapia.
Ontem e hoje estou bem legal, sem febre e bem disposta.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Câncer não deve nem ser pronunciado?

Aqui no hospital eu divido o quarto com mais uma pessoa e seu acompanhante, o que dá oportunidade de aprender um pouco mais sobre o comportamento das pessoas em momentos como esse.
Desta vez me impressionou a preocupação em se “esconder” o câncer dos familiares mais fragilizados. Houve até desentendimentos na família.
O pai da minha acompanhante (ela acabou de ter alta)é um senhor de 77 anos, que “perdeu” a esposa devido a um câncer de pulmão há dez anos.
As filhas não querem que ele se case novamente... mas isso é outro assunto.
Então, quem estava com minha colega era sua irmã. Elas decidiram não contar para o pai que minha colega está com câncer de mama. Na verdade não sei se foi mesmo uma decisão conjunta ou se a irmã decidiu isso por elas.
Mas o fato é que ele esteve aqui com outra filha e o marido dela, que fazia perguntas sobre a cirurgia e o “tratamento”. A irmã se irritou com a conversa e tirou o pai do quarto, pois ele já estava desconfiando.
Depois minha colega estava sozinha comigo e disse que se o pai dela perguntar, ela tinha orientado que contassem.
Eu fico pensando que é uma oportunidade de crescimento para o pai dela também, talvez não aconteça outro momento tão importante quanto esse que possa trazer tanto crescimento. Acho que ele está sendo privado dessa oportunidade e também que está sendo subestimado, pois talvez venha a ser a pessoa mais forte nessa hora.
Não é um momento que se passa porque se quer, se escolhemos isso em algum momento, não foi durante essa vida. Então, todos ao nosso redor estão envolvidos. O câncer em um familiar é uma prova para todos. Quando fico com pena do meu filho, por ter que passar por essa experiência estressante, que dá medo, que dá raiva, que nos separa, desde os seis anos de idade, eu penso nisso, que o que acontece a mãe dele é uma experiência para ele também, ele também tinha que passar por isso e com certeza é para um Bem maior, que só no futuro nós entenderemos.
Eu também tive dificuldades para contar aos meus pais, mas com o tempo eu percebi o quanto meu pai e minha mãe são fortes e o quanto podem me ajudar estando a par de tudo. Eu poderia ter sido bem mais clara com eles desde o inicio, mas eu ainda acreditava, lá no fundo, que câncer não deve nem ser pronunciado. Eu estava errada.

no hospital - internada.

Sexta feira passada tive febre de 38,2 oC, viemos para o hospital e retornamos para a casa com antibiótico.
Mas no sábado e domingo a febre aumentou, chegou a quase 40 oC e amanheci na segunda feira com um dor muito forte nas costas, do lado direito. Voltamos para o hospital e estou internada desde então, com pneumonia. O tratamento está funcionando bem, não estou com febre, mas dor eu não sei, pois estou tomando analgésico. Antes de domingo não voltarei para casa… e na sequência, provavelmente (e assim espero), vou colocar o cateter para continuar com a quimioterapia.

Eu tenho uma ótima notícia… quarta feira passei em consulta com a oftalmologista, então o assistente dela fez o ultrassom, um exame bem incômodo para o olho, mas enquanto ele fazia, soltava uns comentários, me perguntou se minha visão havia melhorado, eu disse que sim, então ele comentou de si para si: “não tem mais nada aqui…”, aí eu pensei: “uh, ele tá mesmo falando de mim?”. Estava. Eles me disseram que não tem mais lesão no meu olho direito, apenas algo que eles classificaram como “cicatriz”.
Felicidade, alegria, gratidão… meu olho foi curado!
Agora falta a interpretação do resultado da tomografia do tórax, que eu já peguei, mas não compreendi, estou esperando a Dra. Ana me explicar.
É isso, amigos. Minhas sinceras expressões de agradecimento pelas orações.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Altos e baixos

Tenho escrito somente nos dias de “baixa”, mas hoje resolvi escrever justamente porque estou em “alta”.
A semana ruim passou, eu não consegui passar bem por ela, reclamei, xinguei, chorei, quis desistir, pegar minha vida de volta, como se isso não fosse vida. Mas como tudo nesse mundo efêmero, passou.
Revi alguns dos meus mais queridos amigos nessa sexta e conversando com eles, me senti grata por estarem na minha vida tantas pessoas especiais. Não só pelas claras demonstrações de carinho, mas, talvez principalmente, pelas orações e pelo desejo de que eu fique bem, pois toda essa coisa não é palpável, mas tem ação no meu corpo e na minha alma. Não só pelo que oram por mim, mas pelo o que fazem por si mesmas, pois são o movimento e a vida acontecendo. Quando nos encontramos e me falam com alegria do que estão fazendo, do que está acontecendo no nosso universo particular, eu me lembro que faço parte dele e que estou nele. Isso nos faz bem, arrisco-me a dizer que faz bem ao mundo.
Tudo vai bem, mesmo que eu reclame novamente da próxima vez, em meu íntimo está sempre a certeza de que não estou sozinha, de que a espiritualidade tem trabalhado dobrado comigo e de que eu sei de onde vem todo o “material” necessário para que eu seja amparada nesse momento da minha vida.